sábado, outubro 06, 2007

Maneiras de Dizer as Coisas


Uma vez, durante um serão, uma amiga contou-nos uma curiosa história das arábias. É essa mesma narrativa que aqui vos deixo, temendo que quem conta um conto aumente um ponto…


Uma sábia história árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que acordou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse o sonho.
– Que desgraça, Senhor! – exclamou o adivinho – Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
– Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido – Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!...
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Em seguida, ordenou que trouxessem outro adivinhador e, mais uma vez, contou o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
– Excelso Senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos familiares.
A fisionomia do sultão logo se iluminou num sorriso, e de imediato mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. Este agradeceu e retirou-se. Quando saía do palácio, um dos cortesãos disse-lhe, admirado:
– Não é possível! A interpretação que fizeste foi a mesma que o teu colega havia feito. Não entendo como a ti te paga com moedas de ouro e ao outro adivinho paga com cem açoites.
– Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinhador – que tudo depende da maneira de dizer… Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar. Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a guerra. Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não restam dúvidas. Todavia, a forma como ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos ao rosto de alguém pode ferir, provocar dor ou mesmo revolta. Mas se a envolvemos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente, será aceite com facilidade. Neste caso, a embalagem é a condescendência, o carinho, a compreensão e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos. Ademais, será sábio da nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho. E, consoante seja a nossa reacção, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. O que importa é ter sempre em mente que o que fará a diferença é a forma, a maneira de dizer as coisas…

4 Comments:

Blogger a said...

Passei por aqui pensando que não havia post novo... engano meu.
Gostei do regresso.

8/10/07 9:28 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

... muito papel de celofane e laçarotes eu teria de comprar. Algumas mentiras (piedosas) ainda vá que não vá... agora as verdades...
Mas nas Arábias tudo é possível. Até voar em tapetes... persas. Embora prefira a AirArraiolos.

9/10/07 12:49 da manhã  
Blogger rach. said...

Já que falas no produto nacional, caro Legivel, conheces a AirReguengos, a AirCartuxa ou a E.A. Vintage. São companhias muito boas para se viajar

1 beijo

9/10/07 10:26 da tarde  
Blogger Alberto Oliveira said...

... na qualidade de antigo (e solicitado) distribuidor de gin, mal parecia que não conhecesse tais "companhias" embora só tivesse "viajado" na AirReguengos. E aquilo foi cá uma turbulência...

outro beijo

10/10/07 12:10 da manhã  

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