Como Posso Eu Amar-te

Amanhecer em La Latte
Como posso eu amar-te, se nem sei
como à porta te chamam os vizinhos,
nem visitei a rua onde nasceste,
nem a tua memória confessei.
Que vaga rima me permite agora
desenhar-te de rosto e corpo inteiro
se só na tua pele é verdadeiro
o lume que na língua se demora…
Não deixes que te enganem os recados
na infernal gazeta publicados
que te dão já por escultura minha;
nocturno Frankenstein, em vão soprei
trompas de criação, e foste tu
quem me criou a mim quando quiseste.
António Franco Alexandre, Duende, Assírio & Alvim
2 Comments:
António,
Como posso eu amar-te, se de ti nem a côr dos olhos conheço? Se nem a filiação partidária me revelas? Se ainda não senti na pele como és forte e macho... ou, quem sabe? doce e terno? Não sei também quantas mulheres conheceste até chegares a mim. Se descendes de uma família de passado obscuro ou se nasceste em berço de ouro. Se preferes Tchaikovsky a Paulo Gonzo ou José Rodrigues dos Santos a Franz Kafka. Imagina (e tu sabes) que nem sei se fumas ou se és pai. Se não tiras as peúgas quando te deitas, se praticas algum desporto e se o nome de Jackson Pollock te diz alguma coisa. António, um nome pode querer dizer muita coisa, mas António-simplesmente-António, não me chega.
Maria
Não é fácil (embora num registo irónico) pôr-me na pele do sexo oposto, daí que este comentário me pareça algo destrambelhado e... aos zigue-zagues.
De qualquer modo e desta vez, não me hei-de esquecer de acertar a hora.
Um (1) beijo e diversos sorrisos.
Um Amor criativo! Gostei.
Beijo.
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