A Persistência da Memória
Fotos: ?
avanço à deriva
sobre a minha cabeça
pensando no caminho
que ficou para trás
posso ainda ver-me a cantar esse hino
que escrevemos juntos
a liberdade estava fora de moda
e sonhámos auroras de esperança e pão
de trabalho e educação
nesse horizonte que pintámos
com as cores de promessas
navegámos contra a corrente
vencendo o Adamastor
escalámos montanhas
e a grande muralha de Adriano
viajámos até ao fim do mundo
e trouxemos outros amigos também
tínhamos tudo
para tingir o dia
com as cores do arco-íris
até o tempo a nosso favor
tivemos tudo
não tivemos a coragem
de expulsar os vendilhões do templo
pensámos os direitos
esquecendo os deveres
o vento sopra suavemente
as folhas do calendário caídas no chão
agora passados tantos anos
pergunto-me que foi feito de ti
que foi feito de nós
silêncio
mas Deus criou um novo dia
e o melhor de tudo
são as crianças
4 Comments:
... tivemos, pois. Mas ficámo-nos por aí (satisfeitos com a festa, pois sempre fomos pobres a pedir) e que de deveres, fugimos como o diabo da cruz...
...
Eu como não vi nada disso, só vi abandono à morte, sangue, fuga, destruição, desenraizamentos...
Fica bem
beijo
o melhor são as crianças? tenho de te emprestar a minha para verificares in loco a veracidade dessa afirmação (há dias só de ouvir o seu nome, tremo!!!)
vivi com uma janela para essa calçada. Mas não via esse negro negro das casas. Antes um rio e os pedros em desconstrução.
Não assisti à festa. Nem no famoso Novembro que a minha mãe disse ser perigoso espreitar pela janela pois os militares estavam na rua.
Eu espreitei, claro.
Só conheço vendilhões, estão todos à minha volta. Bem tento andar disfarçada para não ser notada mas... não consigo!!
Ah as palavras, as paixões! Que coragem tivemos... quem a tivesse agora! Onde? É para mim uma memória recorrente, os vendilhões do templo, como metáfora bem apropriada. Bj
Enviar um comentário
<< Home