quarta-feira, novembro 07, 2007

Imagens e palavras


Os Comediantes ou Cena de Teatro, Jean-Léon Gérôme




As máscaras são expressões deliberadas e ecos admiráveis do sentimento, ao mesmo tempo fiéis, discretas e superlativas. As coisas vivas em contacto com o ar adquirem necessariamente uma cutícula, e não podemos acusar as cutículas pelo facto de não serem corações. Contudo, há certos filósofos que parecem acusar as imagens de não serem coisas, e as palavras de não terem sentimentos. As palavras e as imagens são como conchas, partes não menos integrantes da natureza do que as substâncias que protegem, mas mais dirigidas ao olhar e mais expostas à observação. Não me parece que possamos dizer que a substância existe por causa da aparência, ou os rostos por causa das máscaras, ou as paixões por causa da poesia e da virtude. Não há nada que apareça na Natureza por causa de outra coisa qualquer; todos os aspectos e produtos pertencem em medida igual ao ciclo da existência…




Santayana, G. (1922). Soliloquies in England and Later Soliloquies, NY: Scribner’s.




1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Já Alexander Pope dizia que tudo pertencia a uma mesma harmonia e caminhava para um mesmo fim...
Belo texto!!

Só há uma coisa que me intriga.. Se tudo pertence em igual medida ao ciclo da existência.. porquê as máscaras? Hum.. Não é que por vezes não tenham a sua piada, mas tudo seria mais simples, se se mantivessem nos prateleiros desse bendito teatro..

Baci per te.


CV

7/11/07 8:12 da tarde  

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